sexta-feira, 25 de março de 2011



KIDUSH HASHEM

Santificando o Nome de D'us



Em memória das almas santas e puras do
Rabino Ehud Fogel e sua esposa Ruth
e dos filhos Yoav, Elad e Hadassa


Assassinados em Itamar


לזכרם לעילוי נשמתם של הקדושים והטהורים


הרב אהוד פוגל הי"ד ורעיתו רות הי"ד


וילדיהם יואב, אלעד והדס הי"ד


שנטבחו באיתמר יע"א




Por Kalev Lustosa




"Porquanto te ordeno hoje que ames a Adonai teu D'us, que andes nos seus caminhos, e que guardes os seus mandamentos, e os seus estatutos, e os seus juízos, para que vivas, e te multipliques, e o Adonai teu D'us te abençoe na terra a qual entras a possuir."


(Devarim 30:16).



Um dos textos aureos da sagrada Torá nos orienta a amar a D'us e que no seguimento de suas leis viveremos e multiplicaremos. Mas, quando vemos que se ocorre justamente o contrário? Quando em lugar de viver morremos em nome de D'us, o que seria isso? Existiria alguma mitzvá (mandamento) de morrer em nome de D'us e da Torá?


Recentemente, no dia 11 de março 2011 (6 de Adar b), uma família foi vitimada por atentado no assentamento Itamar no centro norte de Israel. Cinco integrantes da família Fogel morreram a golpes de faca por terroristas palestinos. Não que houvera um motivo aparente, se é que há algum motivo que justifique a barbárie, apenas morreram por serem judeus. Tampouco é a primeira vez na história que judeus são executados por diferanças étnicas. Progrom, inquisição e shoá já fazem parte de nosso calendário nos dias de memória de suas vítimas, de forma que tais atos já se tornaram parte da rotina do povo judeu. Todo aquele que entrega sua vida em defesa da fé e do povo judeu ou morre em atentados e progroms santificam o Nome de D'us, mitzvá kidush Hashem.


Ramam, Rabi Moshe ben-Maimon, trás em seu livro Mishne Torá, nas leis básicas da Torá, capítulo 5 lei 1, que toda a casa de Israel deve santificar o nome de D'us e não profaná-lo, com está escrito: "E não profanareis o meu santo nome, para que Eu seja santificado no meio dos filhos de Israel. Eu sou o Adonai que vos santifico" (Vaicra 22:32). Como pode ser que alguém ao mesmo tempo pode cumprir esses dois mandamentos de não profanar e de santificar o nome de D'us? O cumprimento de mandamentos (shabat, kashrut, taharat mishpacha, etc.) é uma forma de santificação do Nome Divino. O Não cumprimento destes é uma forma de profanação. Assim, um mandamento positivo santifica o nome de D'us e um mandamento negativo profana, chas vehalila. Contudo há uma situação em que o cumprimento do mandamento de kidush Hashem não depende do cumprimento de outro.


Explica Rambam: no caso em que se levanta um não judeu para forçá-lo a infrigir qualquer dos mandamentos da Torá, ou caso contrário o matará, tal judeu deverá infrigir tal mandamento e preservar sua vida, como está escrito: "Portanto, os meus estatutos e os meus juízos guardareis; os quais, observando-os o homem, viverá por eles. Eu sou o Adonai" (18:5). E se preferiu em este caso sacrificar sua vida terá que prestar contas com D'us.


A alma de todo judeu é uma ferramenta de santificação do nome de D'us. O fato de somente existir faz de cada um cornetas que anunciam Sua magestade, o qual é feito por meio do cumprimento de mitzvot. Portanto, devemos sempre preservar nossas vidas para que tais cornetas sigam soando. Por isso os sábios estipularam uma halachá onde proíbe que se coloque em risco a própria vida.


Contudo, há uma situação onde o mandamento toma a posição inversa. Tráz a Guemará (Sanhedrim 72a) que há tres mandamentos os quais se está obrigado a deixar-se morrer e não infrigir-los, são eles: idolatria, relações sexuais ilícitas e assassinato. Ora, se a Torá nos ensina a viver pelos mandamentos como agora deveríamos morrer por eles? Este é o caso, não raro, singular no judaísmo onde se morre por D'us e esta morte é o nível mais alto de kidush Hashem.


Como vimos antes a alma de todo judeu é uma ferramenta de santificação. Se esta alma morre já não se pode santificar a D'us, ou seja, cumprir mitzvot. Justamente estes três pecados estão em um nível tão baixo que quem os comete automaticamente mata sua própria alma. Isso porque estes vão em contra a essência da Torá. Divididos em três esferas distintas, cada pecado incorre à aniquilação da vida e ao propósito da Torá.


· Assassinato por si só expressa a aniquilação da vida. Tirar a vida de alguém, mesmo que para salvar a sua própria, demonstra a desvalorização pelo outro. Afinal, quem disse que sua vida tem mais valor que a do outro ou poderá cumprir mais mitzvot que o outro? "... Para que vivas, e te multipliques..." quem comete assassinato impede em dobro a possibilidade de vida e de multiplicar-se.


· Relação sexual inlícita é uma forma de morte social. Ir-se contra o modo natural e indicada pela Torá de procriação é impedir que a vida flua como se deve. O impedimento da continuidade da vida é uma forma lenta de se matar uma sociedade. A pureza familiar e chupa (matrimônio) não somente mantem o desenvolvimento do povo judeu mas também o protege, como no caso em que Bilan (Balão) trocou sua maldição por uma bênção ao ver a disposição das tentas de Israel, a qual não permitia que estas tivessem suas portas frente umas às outras.


· Idolatria expressa a morte espiritual de cada judeu. A razão para que alguém peque e mantenha sua vida é para que siga cumprindo mandamentos. A prática de idolatria torna sem sentido essa expressão. Como poderia alguém ter em mente salvar sua vida para seguir servindo a D'us se o mais importante mandamento e base da toda a Torá ("E amarás o Senhor teu D'us de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças" – Devarim 6:8) não o cumpriu? Quando um judeu pratica idolatria ele mata sua própria alma e renega a Torá, como escreve Rambam:


"Todo aquele que pratica avodá zará (idolatria) apostata toda a Torá, todos os profetas e tudo que se decretou desde o princípio até o fim dos tempos, como está escrito: 'desde o dia que o SENHOR ordenou até as vossas gerações'"


(Leis à idolatria cap.2:4)



Todo aquele que entrega sua vida em nome da Torá, morre em defesa do povo judeu ou é assassinado por sua condição judaica cumpre a mitzvá de kidush Hashem, e sua recompensa é o mundo vindouro. Além do mais, seu grau é o mais elevado na esfera espiritual "resplandecendo à sombra das asas da Shechiná de D'us" (Melamed Zechut, Rav Aharon R. Charney), como nos ensina chazal (sábios de bendita memória) que "nenhuma criatura pode estar ao seu lado" (Pessachim 50).


Nos ensina a Guemará (Avodá Zará 10) que o mundo vindouro pode ser comprado no decorrer de muitos anos ou em um instante. Kidush Hashem é tem como sua recompensa imediata o Olam haba (mundo vindouro). Explica Rav Itzhak Hotner (Medo de Itzhak – Promessas 25:13,14) que o mundo das almas não é suficiente para recompensar quem entregou seu corpo e sua alma, porque aí não exite corpo. Apenas com a ressurreição dos mortos e o então Olam haba que se pode recompensar pois ai terá corpo e vida; cumprindo a lei de midá negued midá (medida por medida).


Esperamos poder santificar o Nome Divino com nossas vidas e não com nossa morte. Às famílias que tiveram parentes mortos em defesa de Israel, atentados e progroms segue nossos votos de consolo e recordo da memórias das almas santas e puras. Que D'us abençoe e console todas as famílias das vítimas em guerras, atentados e perseguições.

domingo, 28 de fevereiro de 2010




Não queria, mas me fizeste querer-te. Mesmo que involuntariamente, o que no princípio parecia ser, envolveste-me em tua razão. O querer agora se faz necessário e meu medo não é mais meu aliado na luta contra mim mesmo.



Teus olhos me encantam. Tua pele me seduz. Impossível ver-te e não querer tocar-te. Não sentir teu perfume é simplesmente martírio. Admirar-te é como contemplar a perfeição da natureza.



Tenho sede de ti. Estar contigo me faz sentir seguro, és minha fortaleza. Transforma-me em algo que não entendo. Faz-me manifestar de dentro de mim uma fera nunca antes percebida. Em paradoxo também me comporto como uma criança encantada com seu melhor presente de aniversário. Sinto-me dominante, porém sou dominado.



Queres beber de minha água. Porém sou eu o sedento. Quero dar-te de minha fonte, mas tenho medo de que morras em minha sequidão. Aos poucos me regas e minha terra se torna fértil. Mas porque queres extrair os meus frutos quando, todavia, não há brotado a árvore?



Quero me envolver em ti. Quero ser completamente teu, porém minhas chagas não permitem. Lambo minhas feridas para te encontrar, pois quero estar perfeito para ti. Minhas cicatrizas parecem te provocar receios. Não lhes tenhas medo. Pois por ti hoje são o que são. Entregar-me a ti é o meu maior desejo. Não realizá-lo é o meu maior medo.



Fazer-te feliz é o meu objetivo. Luto com todas as minhas forças em esta guerra onde pretendo ser o único ferido. Para que ao fim da investida eu me deleite nos braços daquela em quem devotei o meu amor. Contudo, de minha caverna saio aos poucos, para que se acostumes com o meu rosto.



Não te assustes por meus pelos e minhas garras, pois para ti serei sempre "tu niño". Não tomes de minha água sem que antes eu a sirva em cálice de prata. Para ti dedicarei de mim o melhor para que sempre sejas a minha eterna amada.



Menmórias



Reencontrar e ter a sensação de não estar.

Talvez não ser. Vir à mente lembranças antes arquivadas. Ver em um olhar distante páginas queimadas.


Dar afeto e não sentir o beijo. Mão que segura firme aquele que foi a caneta de suas memórias. Sem resíduos das alegrias e tristezas. Esquecimento de uma vida inteira.


Olhos fitados no nada. Palavras que soam uma realidade desconhecida. Passado e presente que se mesclam em um sentimento não compreendido. Sede de voltar e rever o que foi perdido.

Imagem que figura momentos de família. Sentimento de despedida. Mãos que antes surravam e acariciavam por amor. Que hoje são insensíveis ao toque terno.


Injustiça da vida que nos aflige com o tempo. Planejar, executar e se beneficiar com todos os feitos. Para que no dia maior da contemplação entregar-los aos papeis amarelos e fotografias desbotadas.

Uma vida que passa à memória dos descendentes. Fraguimentos de uma realidade agora reinterpretada. Ao final de glórias e fracassos apenas um memorial etéreo de todo o passado.