Noite. Ruas escuras.
Vento frio levanta os papeis jogados,
Vestígios de que ali houve vida.
Não se anda, não se fala, não se vê.
A solidão se encontra nas esquinas.
As paredes de pedras marcadas pelo tempo
Gritam às recém assentadas: "sois como nós".
Estas respondem: "as futuras serão como vós".
Formas quadradas, réplicas do prédio vizinho.
Ruas em todos os sentimos que levam para o mesmo lugar.
Em meio às sombras de um beco a luz de uma janela nos permite ver livros.
Outra janela e os mesmos livros.
A imagem se repete como um quadro para ludibriar o esquadro matriz de uma única medida.
Nas calçadas estreitas uma lata de lixo ou um caro, muito bem estacionado, nos impede de seguir.
Qual o problema? Se estes não andam, que nos impede de seguir em seu caminho?
Em asfalto liso, com a sinalização desgastada pelo tempo, contam-se as folhas colhidas pelo outono.
Que diferença se pelas calçadas ou pela rua? Ao fim, chega-se ao mesmo lugar.
Onde a vida deixou vestígios
Em papéis jogados, levantados pelo vento
Nestas ruas escuras,
Nesta noite.
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